Em dois anos, 25 mil jovens participaram das oficinas do Expressação realizadas em várias cidades do DF. Em Samambaia, a chegada do projeto criou expectativa nos moradores. A previsão é de que ele ficasse apenas dois meses na cidade, mas as oficinas de esporte, teatro, DJ e computação não duraram nem isso.
As mais de 700 crianças e adolescentes inscritos foram frustrados pela noticia de que ele vai ser suspenso por suspeita de irregularidades, em 2008. “Os professores disseram que receberam e-mail dizendo que o projeto vai acabar dia 30 de abril”, conta Guilherme Monteiro, de 10 anos.
O projeto vai ser suspenso por conta de uma decisão, por enquanto provisória, do Tribunal de Contas, que determinou à Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) a suspensão dos pagamentos a empresa que fornece estrutura e mão de obra ao projeto.
Segundo o Ministério Público, a Cap Tecnologia foi beneficiada com a continuidade do contrato, que seria lesivo, por mais de um ano e teria recebido R$ 37 milhões até dezembro do ano passado. A empresa participou sozinha da concorrência e estaria envolvida na operação Caixa de Pandora.
A Sedest apresentou a defesa do contrato ao Tribunal de Contas, mas as justificativas não foram convincentes. O tribunal deu mais 30 dias úteis, a contar a partir da última segunda-feira, para novas explicações antes de julgar o caso definitivamente. Enquanto o governo não esclarece a situação, quem perde são as crianças e adolescentes.
“O que a gente não gostaria é que acabasse com o projeto, que corrigisse o que está errado. [Deveriam] melhorar o contrato, trocar a empresa e não acabar com o projeto”, opina a técnica em enfermagem Alcione Pires Maciel. “Quem vai pagar a irregularidade, o erro dos adultos? Simplesmente as crianças, eles vão pagar pelo erro dos outros. Para que tirar? Qual é o melhor: um projeto desses, educando nossos filhos para no futuro ser alguém, ou é colocando esse caminhão num depósito, criando poeira lá jogado?”, questiona a empregada doméstica Francisca Cardoso.
A Sedest informou apenas que vai parar de pagar os serviços do projeto por recomendação do Tribunal de Contas. A empresa Cap Tecnologia não foi localizada para comentar a reportagem.
Fernanda Galvão / João Raimundo
Fonte: DFTV
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